Oswaldo Eustáquio conta em entrevista à rádio “Jovem Pan”, sobre mais agressões que sofreu após o acidente que sofreu em sua cela, em que resultou em sua paraplegia.
“O que mais me angustiava naquele momento era o barulho dos portões de ferro batendo. Era aterrorizante. Presos são proibidos de falar com os médicos por isso, quando cheguei ao hospital, o ‘policial Xavier’, responsável pela operação, conversou com a médica de plantão e contou que eu sentia falta de ar e dores na costela. Eu não sentia dor alguma nas pernas porque, simplesmente, não sentia minhas pernas. Fiz apenas exame do tórax, que não apontou fratura nas costelas. Por isso, a médica me mandou embora. Eu estava na cadeira de rodas, não sentia minhas pernas e estava voltando para a cadeia. Fiquei nervoso e perguntei: ‘Xavier, como vamos retornar se eu não estou andando?’. Ele respondeu: ‘Na cadeia há uma ala para cadeirantes’. Dei um tapa forte na parede do hospital e comecei a gritar que não sairia dali sem um laudo médico. Questionei a médica do porquê de não sentir minhas pernas e ela me respondeu com outra pergunta: ‘Mas você não é paraplégico?’. Respondi: ‘Se sou, sou desde hoje’. Ela ficou super constrangida e me levou para fazer uma tomografia na coluna, que apontou uma fratura na vértebra T5 e um desvio na T6.”, disse Eustáquio.
Os médicos então decidiram internar Eustáquio. E após obter o resultado do exame em mãos, o jornalista conta que enfrentou resistência do ‘policial Xavier’ para obter a permissão para ser hospitalizado.
“O policial pensava que eu fingia não sentir minhas pernas. Por isso, pediu para a médica provar isso. Ela pegou uma caneta enfiou na minha perna até ficar roxo. Eu não sentia absolutamente nada. Ela reiterou: ‘Se sentisse qualquer coisa, estaria chorando’. Ainda assim, o policial Xavier não acreditou e repetiu a ação, fincando a caneta até que minha perna sangrasse.”, completou o jornalista.
A esposa de Oswaldo soube do acidente por um seguidor do jornalista, que após o reconhecer no hospital, publicou uma foto de Eustáquio na internet.
“Fui reconhecido por um paciente que tirou uma foto e postou. Assim minha esposa ficou sabendo que eu estava internado, se deslocou até o hospital para me ver, mas foi impedida. Minha médica, a doutora Nise Yamaguchi, pegou um voo para me encontrar, mas também foi impedida. Só pude ver meu advogado para, como indicaram os policiais, esclarecer que aquilo havia sido um acidente e nada mais. Quando meu advogado chegou, disse para ele: ‘Fala para a minha esposa que se trata de um acidente “JAPU”, ela vai entender’. A Sandra possui descendência indígena e, em Guarani, “JAPU” significa mentira. Por isso, ela compreendeu que havia algo de errado. Me proibiram de vê-la e de me reunir com meu advogado por 40 dias, o que é ilegal.”, disse o jornalista.
“Algum tempo depois, meu advogado conseguiu uma liminar que autorizava o tratamento com a doutora Nise. Então, ela começou a aplicar ozônio nas minhas pernas. Após a primeira aplicação, senti até frio nas pernas – o que eu não sentia há dias. No entanto, antes da segunda sessão, mandaram interromper o tratamento porque o método não possui comprovação científica.”
Atualmente, o jornalista continua na cadeira de rodas. “Trabalho para voltar a andar, mas não posso afirmar que conseguirei.”, disse Eustáquio.
Oswaldo foi transferido do Hospital de Base para o Hospital de Apoio, em Brasília, após os primeiros dias de tratamento. O jornalista relata ter sido agredido “na cadeira de rodas”.
“Neste hospital, eu fazia sessões de hidroterapia. Em Brasília faz muito sol e a piscina na qual eu fazia os exercícios é a céu aberto. Como eu estava ficando muito queimado, minha fisioterapeuta recomendou que minha esposa levasse um protetor solar. Quando Sandra chegou, foi proibida de entregar o produto. Mesmo assim, minha esposa deixou o protetor na recepção, mas o policial deu a ordem para que o jogasse fora. Eu disse que ele não poderia fazer aquilo porque tratava-se de uma recomendação médica. Ele respondeu: ‘Posso fazer o que eu quiser, eu sou o Estado’. Quando ele repetiu isso pela terceira vez, me aproximei e afirmei: ‘O que o senhor está fazendo não representa a farda que usa’. Enfurecido, ele me mandou a virar de costas e ficar de cócoras com as duas mãos na cabeça. Como eu poderia fazer isso se estou, até agora, na cadeira de rodas? Como não fiz, ele empurrou minha cadeira longe e me deu três chutes.”, disse o jornalista.
As denúncias sobre as agressões sofridas estão tramitando em segredo de Justiça no Ministério Público do Distrito Federal, segundo com o jornalista e sua defesa.
Confira a Parte 1: Oswaldo Eustáquio, o jornalista preso de forma ilegal que foi TORTURADO, ESPANCADO e ficou PARAPLÉGICO na prisão.
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