O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, determinou no dia 12/04/2019 que a revista Crusoé retirasse do ar, a matéria chamada “O amigo do amigo do meu pai”.
A decisão do ministro é uma clara ação de CENSURA contra a imprensa.
A decisão de Moraes foi feita a pedido do ministro Dias Toffoli através de uma mensagem, em que ele solicitou uma apuração:
"Permita-me o uso desse meio para uma formalização, haja vista estar fora do Brasil. Diante de mentiras e ataques e da nota ora divulgada pela PGR que encaminho abaixo, requeiro a V. Exa. Autorizando transformar em termo está mensagem, a devida apuração das mentiras recém divulgadas por pessoas e sites ignóbeis que querem atingir as instituições brasileiras", afirmou Dias Toffoli
A matéria mostrava um documento da Operação Lava Jato, de Curitiba, que foi enviado à Procuradoria Geral da República para que Raquel Dodge analise se quer ou não investigar o fato, em que empreiteiro e delator Marcelo Odebrecht revelava que o ministro do STF, Dias Toffoli (o ministro que, mais tarde, pediria a censura da matéria), era o apelidado de “Amigo do amigo de meu pai” pelos executivos da empreiteira em mensagens privadas, ainda no período em que o ministro ocupava o cargo de advogado-geral da União.
O apelido foi visto no email em que Marcelo Odebrecht enviou a dois executivos da empreiteira, Adriano Maia e Irineu Meirelles, e dizia: “Afinal vocês fecharam com o amigo do amigo de meu pai?”.
Marcelo Odebrecht explicou à PF (Polícia Federal) que a mensagem se referia a tratativas que o então diretor jurídico da empreiteira, Adriano Maia, tinha com a AGU sobre temas envolvendo as hidrelétricas do rio Madeira, em Rondônia.
Moraes afirma na decisão que a matéria é falsa e que extrapolaram a liberdade de expressão. A decisão destaca que a Procuradoria-Geral da República divulgou uma nota, após a publicação da reportagem, afirmando que o documento com a menção a Toffoli não havia sido expedido ao órgão.
“Obviamente, o esclarecimento feito pela Procuradoria-Geral da República torna falsas as afirmações veiculadas na matéria 'O amigo do amigo de meu pai', em típico exemplo de fake news —o que exige a intervenção do Poder Judiciário”, decidiu Moraes.
A matéria da “Crusoé” foi baseado neste documento: https://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-content/uploads/sites/41/2019/04/Amigo-do-amigo-do-meu-pai.pdf
Segundo a “TV Globo”, o material do documento foi incluído nos autos da Lava-Jato, e retirado três dias depois, após a notícia publicada da Crusoé. Como o processo corre sob sigilo, não se sabe as razões dessa movimentação.
O ministro Alexandre de Moraes, voltou atrás e revogou no dia 18/04/2019, a decisão feita por ele mesmo, em que censurava a matéria da “Crusoé”. A decisão de censura tinha sofrido uma série de críticas pela imprensa, juristas, Ministério Público, e até do ministro do STF, Celso de Mello.
O “The Intercept Brasil” publicou o texto da matéria da “Crusoé” na íntegra: https://theintercept.com/2019/04/15/toffoli-crusoe-reportagem-stf-censura/
Fontes:
1 - https://theintercept.com/2019/04/15/toffoli-crusoe-reportagem-stf-censura/